13 abril 2007

A Memória Vivida do 25 de Abril de 1974























Quinta-feira, tempo de algum sol e nuvens.
25 de Abril de 1974
Estivera a pintar até às cinco e tal da manhã, como acontecia habitualmente, e, ao deitar-me, preparava-me para dormir as sete horas vulgares, mas nada disso aconteceu. Às oito e meia, o telefone tocou. Era uma querida amiga, a Elvira (a Veríssima, como eu a trato) que, em grande e mais do que justificado alvoroço, oferecia-me notícias escaldantes. Se eu tinha ouvido a rádio?
Que não – respondi. Pois bem: Lisboa estava cercada; tinha rebentado uma revolução para derrubar a ditadura.























O que vi no dia 25 de Abril jamais esquecerei. Quer isolado na rua, quer no meio do povo, da multidão compacta, quer no convívio com as tropas – sim, porque as pessoas conviviam com os militares –, ou mesmo do que me apercebi postado à varanda, de tudo isso guardo imagens indeléveis. Da alegria sem barreiras ao receio autêntico.
















Em casa ouvíamos rádio. Percebia-se que, desta vez, o mundo ia finalmente mudar! O almoço foi muito tarde, eram três horas; comemos carapaus com feijão fradinho, que nos soube a uvas moscatéis…
De seguida fomos todos para a varanda ver a rua… A rádio anunciava que tropas afectas ao governo agonizante, efectivos da GNR, subiam a calçada do Combro, rumo ao Camões…
Noutro posto radiofónico, informava-se que o comandante das tropas revolucionárias estacionadas no Camões estava a ser abordado pela chefia das praças da GNR, oriundas do Combro, que tentava seduzir o outro comando…















A rádio diz que está para breve a rendição de Marcelo Caetano, no quartel do Carmo. São cinco horas e quarenta e cinco. Dez para as seis, saio de casa dos meus amigos, abandono, de vez, o lugar privilegiado onde saboreei o Dia D lusitano.























Porque tudo na vida pode ser um filme, tudo na vida pode ser Como no Cinema

Como no Cinema
A Memória Vivida do 25 de Abril de 1974


Pela primeira vez disponível na Internet:
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Voz:
Aníbal Cabrita

Narração:
Rogério Vieira

Textos e depoimentos:
Fernando Grade

Registos Históricos:
Rádio Clube Português (comunicado lido pelo jornalista Joaquim Furtado)

Música:
Quarteto de Cordas com guitarra portuguesa Sons do Tempo
Balanescu Quartet

Assistência Técnica:
Carlos Adelino
Pedro Vieira

Produção; Montagem (em directo) e Realização:
Francisco Mateus

Tempo total: 51:14 min














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Próxima emissão: «Portugal, que futuro?» (inédito)