24 novembro 2006

O Piano

Porque tudo na vida pode ser como no cinema
Porque tudo na Rádio pode ser dito como se fosse um filme
Assim as palavras passem como legenda em sortilégio
Sobre as mais poderosas ou efémeras imagens da terra da Rádio
À meia-noite de sábado para domingo
Francisco Mateus apaga as luzes do estúdio
Como no Cinema


Texto de promoção do programa «Como no Cinema»
Palavras: Fernando Alves
Voz: Ana Bravo
TSF-Rádio Notícias / 2000













Às vezes sou grande
E todos me acham pesado

Mas o que mais gostaria era que
Quando me tocassem
Não me desafinassem












Teclas Brancas, teclas Pretas
Sustenidos e meios-tons
Tens cauda e vestes de preto...


És um Piano!















O início desta emissão é precedido pelo spot promocional de «Como no Cinema».
Um programa dedicado a um só instrumento e é apenas o som desse instrumento que se ouve nesta emissão.
Foi a única da série «Como no Cinema» dedicada a um instrumento, embora outras emissões estivessem alinhavadas com o mesmo propósito, mas que não chegaram a ser realizadas.
«O Piano» foi também a primeira das várias prestações vocais de Fernando Alves em «Como no Cinema», aqui numa diminuta participação, mas eficaz. É dele o texto que serviu de spot promocional de «Como no Cinema» ao longo de um ano inteiro, o tempo da primeira vida desta série de programas na TSF (2000/2001).
A qualidade do texto é magnífica, como se pode ver e ouvir. Mas gostaria que tivesse sido gravada por quem a escreveu. Não estão em causa as qualidades interpretativas de Ana Bravo, longe disso, mas neste caso em concreto sinto que a promoção teria tido outro peso e outro efeito, por ventura mais enfático, mais orgânico, se gravada com a voz de Fernando Alves. Foi uma constatação que obtive na altura, antes mesmo de a promoção ter ido para o ar pela primeira vez. Naquela altura, não pude participar na feitura do spot e quando tomei conhecimento do mesmo, já era tarde demais e assim ficou.

A alusão final Francisco Mateus apaga as luzes do estúdio Como no Cinema tem uma origem e uma história: desde há muitos anos - anos antes de «Como no Cinema» ter nascido- eu costumava (costumo) apagar, por momentos curtos ou longos, as luzes do estúdio de emissão. Muitas das pessoas que assistem a este facto, colegas de trabalho na sua esmagadora maioria, não parecem compreender porque o fazia (e faço). É entendido com uma extravagância da minha parte, uma “pancada” qualquer, a poupança de electricidade à empresa (como também dizem), entre várias outras interpretações, do género: “o gajo não quer ser visto”; “está a fazer macumba”, ou “ele quer ver-nos sem o vermos a ele”; etc, etc...
Como acontece com tudo o parece complicado, a explicação para desligar as luzes do estúdio é bastante simples. Fazia-o e faço-o em emissões durante a noite, ao fim de quatro ou cinco horas (consecutivas) de emissão, a fim de descansar a cabeça e a vista. São luzes muito agressivas, de aspecto fabril, muito cansativas [pelo menos para mim] ao fim de algumas horas sob o seu efeito. Acresce a isto ainda o facto de os monitores de computador, televisores, os leds luminosos dos equipamentos de emissão e toda a luz envolvente – proveniente dos corredores e da sala da redacção – emitirem luminosidade mais do que suficiente para operar em estúdio (que tem grandes janelas de vidro duplo), desde que não se tenha que ler papéis ou escrever, que é o que acontece em períodos nocturnos. Felizmente que não estava nem estou sozinho nesta sensação/sensibilidade luminosa. Houve e há companheiros de trabalho que não acedem a luz quando vão fazer os noticiários. Extravagância?


Porque tudo na vida pode ser um filme, tudo na vida pode ser Como no Cinema

Pela primeira vez disponível na Internet:
DOWNLOAD

Como no Cinema
O Piano

Vozes:
Fernando Alves
Inês Meneses

Depoimentos explicativos:
João Camacho (professor de piano na escola metropolitana de Lisboa)

Teclas:
Colin Newman
Maria João Pires
Pascal Rogé
Ryuichi Sakamoto
Margaret Leng Tan
Philip Glass
Martin Duffy
Kenneth Gilbert

Obras:
Frederic Chopin
Johann Sebastian Bach
Wolfgang Amadeus Mozart
Ludwig Van Beethoven
Erik Satie
Somei Satoh
Ryuichi Sakamoto
Felt

Assistência técnica:
Paulo Canto e Castro
Francisco Raposo

Textos, Produção, Montagem (em directo) e Realização:
Francisco Mateus

Tempo total: 37:02 min

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Próxima emissão: «Alta Montanha»