08 dezembro 2006

O Amor

Esta noite o vento bate à minha porta
Fala-me do amor morto
À frente do fogo que se está a apagar
Esta noite é uma canção de Outono
Na casa que se arrepia
E eu penso nos dias passados

O que resta dos nossos amores?
O que fica dos nossos bons dias?






















Não me deixes
É preciso esquecer
Tudo se pode esquecer
Que já para trás ficou
Esquecer o tempo
Dos mal-entendidos
E o tempo perdido
A querer saber como
Esquecer essas horas
Que de tantos porquês
Por vezes matavam
A íntima felicidade



















Quantas vezes
Se não reacendeu o fogo
Do antigo vulcão
Que julgávamos velho
Até há quem fale
De terras queimadas
A produzir mais trigo
Que a melhor primavera
E quando a tarde cai
Vê como o vermelho e o preto
Se casam
Para que o céu se inflame

Não me deixes

















Ermelinda é uma antiga noiva de Santo António (cerimónia matrimonial tradicional por altura das festas de Lisboa, em Junho). Há dez anos o noivo enganou-se e… casou com outra. Ermelinda enlouqueceu. Veste-se de noiva todos os dias, dizendo que está à espera do Ernesto, o seu noivo. Ele nunca mais aparece e ela diz que está atrasado por causa do trânsito. Ermelinda saiu à rua com a família (tio, tia e avô) para comprarem o cabaz de Natal, mas o trauma de Ermelinda voltou a manifestar-se. A acompanhar a agitação está uma agente da polícia que, estranhamente, tráz um peixe na mão (sardinha?). “Cuidado com a água! Cuidado com a água!” adverte-nos ela antes que puséssemos os pés numa imensa poça de água que ali estava perto de nós. Afinal, a senhora da PSP estava noutra ocorrência quando teve de acudir a esta agitação provocada pela noiva Ermelinda. É este drama nupcial que compõe de comédia e tragédia a actuação do «Joana Grupo de Teatro» na Rua Augusta em Lisboa. Nesta via movimentada da baixa pombalina, num raro dia de sol de um Outono incrivelmente rigoroso, os cidadãos transeuntes não distinguiam a realidade da ficção. Acreditavam no que estava a acontecer. Eu, só ao fim de alguns minutos de gravação, é que percebi que se tratava de uma actuação teatral. Fui completamente apanhado de surpresa no meio daquela azáfama. Estava ali só para obter depoimentos anónimos sobre o tema deste programa. Depoimentos esses que viriam a ter lugar numa segunda emissão sobre o Amor. Este magnífico grupo de teatro ainda anda por ruas e jardins de Lisboa, sempre com actuações surpreendentes.

Porque tudo na vida pode ser um filme, tudo na vida pode ser Como no Cinema
Pela primeira vez disponível na Internet:
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Como no Cinema
O Amor

Vozes:Fernando Alves
Francisco Mateus
Sarah Adamopoulos
Pedro Malaquias
Aníbal Cabrita
Inês Meneses
Maria Azenha
Raquel Ferro
Baby Sandy & Mister-X

Música:Gabriel Yared
Virginia Astley
Balanescu Quartet
Angelo Badalamenti
Anne Sophie Mutter

Canções:
Pop Dell’Arte
Jacques Brel
Charles Trenet

Textos: 
Charles Trenet
Mário-Henrique Leiria
Sarah Adamopoulos
Pedro Malaquias
João Peste
Jacques Brel
Maria Azenha

Assistência técnica:
Paulo Canto e Castro
Pedro Vieira
Pedro Picoto
Paulo Jorge Guerreiro
Paulo Dias

Agradecimento especial:
Joana Grupo de Teatro de Rua
(actuação na Rua Augusta, Lisboa)

Outros textos, Produção, Montagem (em directo) e Realização:Francisco Mateus

Tempo total: 34:01 min

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Próxima emissão: «O Amor segundo Pedro Paixão»